O cordel, enquanto expressão artística e cultural, ainda se apresenta como território de domínio masculino. Historicamente, como espaço para registro e circulação da visão lírica de mundo, o cordel deixou de acolher diversidades ? ignorou existências e elegeu protagonistas, alinhado ao projeto hegemônico patriarcal. No final do século 20, no entanto, algumas cristalizações começaram a sofrer rachaduras: a ruptura de bordas nas linguagens poéticas e o fortalecimento dos feminismos, entre outros fenômenos socioculturais, estimularam trânsitos e aproximações entre a cultura popular e as temáticas contemporâneas relacionadas a questões de gênero e sexualidade, étnico e raciais.
O trabalho da poeta cordelista, escritora, editora, Julie Oliveira, é fruto deste legado. Idealizadora do selo editorial Cordel de Mulher e do Movimento Cordel Sem Machismo, ela soma forças no combate a violências e atua na reparação de invisibilidades históricas. Neste contexto, Julie Oliveira propõe para o Encontro de Culturas um bate-papo relevante sobre “mulheres cordelistas nordestinas, suas produções e potências criativas”