Por Sinvaline Pinheiro | Foto: Isabella Leal, em 30/07/22
O XXII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros recebeu pela primeira vez o grupo mineiro "Batuque de Ponto Chique", um grupo animado constituído por homens e mulheres da zona rural da cidade Ponto Chique no Alto/Médio São Francisco.
Olímpio Gonçalves da Silva, 75 anos de idade ,filho de batuqueiros, cresceu cantando enquanto trabalhava. Para ele e alguns homens do grupo, todos os momentos servem para compor, cantar e dançar:
- A música nasce rápido. Só basta as muié aprender o ritmo...
É um dos batuqueiros que, como todos eles, compõe as músicas de acordo com o ambiente em que estão:
Ainda brinca:
- Se dá um escorregão, nois faiz a música...
Todos riem muito e cantam "Oi Pirapora, eu vou ganhar dinheiro, vou gastar 1500 pra ficar com a marinheira..."
Orgulhosamente contam que até os tambores são confeccionados por eles. Tudo tem origem própria. Desde a música, a vestimenta, o jeito de dançar. Dá um exemplo:
- Tem cumpanheira nossa que tá com a perna ruim e aí nois inventa outra dança, pra acomodar ao jeito dela...
E assim eles seguem firmes na cultura. Segurando as raízes, perpetuando os costumes e adaptando à realidade sem perder a essência.
Agradecem ao locutor de radio José Passos, um remanescente quilombola que há 20 anos atrás foi assistir ao batuque que ainda era conhecido como dança do Lambeiro. José se juntou à eles fazendo excursões nos arredores. A repercussão foi positiva e eles são reconhecidos como o grupo de Batuque ou Lambeiro mais original do Brasil.